ArtCidadania.org.brArtistas que buscam novos intercâmbios e narrativas ocupam cada vez mais os espaços culturais, interferindo e recriando as artes plásticas, o audiovisual e a música.Reinventar: essa é a palavra de ordem. Propondo a reinvenção de um produto, possibilitando a reapropriação e incorporando alternativas, a Cultura Remix, cria uma nova expressão, provocando a imaginação do espectador.Desconstruir linguagens já estabelecidas, criar novas. Os novos artistas da Cultura Remix, provocam a percepção humana sobre a realidade que as cerca, descortinando novos significados a partir de reprocessamento de sons e imagens, com suas gravações e manipulações. “Nessa perspectiva, reinventar é desconstruir linguagens muitas vezes concebidas sob uma visão linear, impregnada de convenções pré-determinadas. A reinvenção, princípio da proposta remix, provoca rupturas na ordem cultural porque requer do humano uma nova prontidão, exigindo uma busca por dispositivos que acomodem formas alternativas e visões de mundo”, explica Rosana Soares Néspoli, Pedagoga, Mestre em Tecnologia da Informação e da Comunicação.Usando a experiência e a curiosidade como fonte inspiradora, a Cultura Remix não põe em jogo o contexto artístico, mas sim a liberdade de criar, sem que haja a princípio a preocupação com o bom ou ruim, mas sim, a possibilidade de criação através de uma nova leitura para imagem e som.Com seus sintetizadores (instrumentos musicais criados para produzir sons eletronicamente) e samplers (instrumentos que permitem a conversão de trechos musicais em sinal digital, gravando, manipulando ou reutilização de fontes sonoras pré-gravadas), os inventores, como, por exemplo o duo “The Chemical Brothers”, desafiam os autores dos trechos que eles utilizam a identificar em que parte de suas músicas aparece o sample, que se mistura com a música fonte. Assim como Marcel Duchamp, que transgrediu o padrão de arte estabelecido e provocou novos efeitos à produção dos sentidos de seus expectadores, o músico, escritor e artista norte-americano Paul Miller, mais conhecido como Dj Spooky, usou a obra do artista francês para ilustrar uma de suas experimentações. O trabalho, que se chama “errata :: erratum”, propõem a idéia de que Marcel Duchamp está sendo remixado pelo DJ. A obra, que faz parte da galeria digital do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, cria variações mudando a posição de vários círculos. Remetendo a técnica usada pelos Djs (disc-jockeys) de virar discos, Spooky, propõe um remix em Flash usando cenas de “Anemic Cinema”, primeiro filme de Marcel Duchamp, feito em 1926, cujo título brinca com as letras da palavra cinema, pondo em movimento esferas rotatórias ou rotoreliefs (discos em que Duchamp desenhou linhas e círculos concêntricos e excêntricos) que, ao girarem, provocam no espectador uma sensação estranha, como uma nova dimensão. Inscritas nos espirais, as letras vão formando frases indecifráveis, compondo um dos fenômenos visuais mais puros, sensíveis e fascinantes, em uma tentativa de se produzir filmes estereoscópicos. Considerado uma referência no uso inovador da técnica sample, Dj Spook muitas vezes usa o comics como fonte de inspiração, criando uma trilha sonora que age como uma alegoria num ambiente que usa a mídia digital como interface. Para ele, o improviso é estudado, criado e desenvolvido. É um resgate da memória, um intercâmbio entre as mais diversas culturas, línguas e gerações.Em 2004, Spooky reuniu suas fontes de pesquisa no livro “Rhythm Science”, que foi publicado pela MIT Press e apontado com um dos melhores lançamentos do ano pelo periódico The Guardian e Publishers Weekly. Em 2005, reuniu suas idéias sobre som e multimídia na cultura contemporânea no livro “Sound Unbound”. Também usando como fonte inspiradora a técnica do remix, o artista natural de Santos, litoral paulista, Vj Spetto, utiliza em seu trabalho imagens intensas e com forte significado. No seu site oficial, afirma que “atitude é seu mote”. O criador do primeiro software brasileiro para VJs (vídeo-jockers), o VRStudio MX (www.visualradio.com.br/dowload), também ministra workshops, palestras e aulas, ensinando suas técnicas de atuação e suas pesquisas com as imagens, além de ministrar aulas de pós-graduação na disciplina de Edição e Direção em Mídias Digitais da Faculdade Senac, em São Paulo. Em 2005, o VJ foi coordenador de imagens e tecnologia do Festival Motomix, em São Paulo, além de criar instalações multimídias em galerias e museus de arte moderna. Outra figura conhecida nas festas regadas a música eletrônica no Brasil e no exterior, o Vj Duva é um criador experimental no campo da videoarte, desenvolvendo desde o fim dos anos 80 narrativas pessoais em vídeo, bem como uma série de experiências em vídeo-instalações. A partir de 2000, vem se dedicando a uma série de live images e sons em tempo real, criando projetos áudio-visuais imersivos, desenvolvendo conteúdo e ambientes específicos para novas mídias. Usando a remixagem de imagens como tema, tendo como cenário principal elementos da mídia digital, o artista Eduardo Navas também propõe uma releitura para diversas imagens. Navas, que também é historiador, escritor especializado em novas mídias e Ph.D. em História da Arte, Teoria e Crítica da Universidade de San Diego, Califórnia, já teve seus trabalhos expostos no Museu de Arte Contemporâneo Ateneo de Yucatan (Macay) e no Centro de Diseno, Cine y Television, ambos no México; no Whitney Museum's Artport, em Nova York, entre outros lugares. Além disso, o artista idealizou e criou, o site Net Art Review, e foi co-fundador e membro da Acute, rede internacional com membros de Buenos Aires, Cidade do México, Los Angeles, Madri e Jerusalém, com a proposta de promover o intercâmbio entre artistas e suas produções, tomando como base os meios digitais. “As pessoas criam trabalhos desafiadores em qualquer meio, principalmente unindo elementos de outras áreas. A net art cria um meio de exposição e criação para muitos artistas e nesse contexto a troca de informações é muito útil”, comenta Eduardo sobre o trabalho desenvolvido no site Net Art Review, durante a conferência “Share, Share Widely”, promovida pela Universidade de Nova York. A reutilização de materiais e elementos, também serviu a inspiração para o artista Nelson Leimer, que usa o tema consumo e cultura urbana para retratar em trabalhos como “Projeto Care” e “Trabalhos Feitos em Cadeira de Balanço Assistindo Televisão”, uma nova visão para objetos como cartões de natal e latas de refrigerante. Dentro do temo Cultura Remix, há uma inversão do papel de autor, em efeito identificado pelo historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli, quando fala de Leirner. “O que Nelson faz é orte: romper com o conceito de artista, entendido como herói e, por outro lado, recuperar o sentimento anônimo e coletivo do fazer artístico”. No entorno do universo inaugurado pelo remix, as práticas de reutilização, apropriação e reciclagem de mídias alteram o que já está pronto. Nesse contexto, reciclar é marca de um novo fazer artístico. Com isso, influências e repertórios são transformados em novas linguagens e possibilidades.
muito ruim cara
ResponderExcluirrsrsrsrsrsrsrs
valeu veio...